A defesa das políticas públicas de saúde e da atenção psicossocial. Essa é a proposta do evento promovido pela Secretaria de Promoção da Saúde (Semus) e pela Associação dos Familiares, Amigos e Usuários do Serviço de Saúde Mental (Enloucrescer), em parceria com a FURB. O encontro, que ocorre em 18 de maio, das 9h às 16h, na Secretaria de Cultura de Blumenau, tem o objetivo de sensibilizar a população sobre o Dia da Luta Antimanicomial, reunindo usuários da rede e a comunidade para oportunizar ações culturais e espaços de reflexão sobre o tema. Na programação, além das exposições de obras e trabalhos realizados nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) do município, haverá apresentações culturais de música, teatro, poesia e oficinas de artesanato.
O presidente da Enloucrescer e usuário da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do município, Carlos Lingnau, falou sobre a importância de participar do encontro. “Convidamos a todos a participarem do Dia da Luta Antimanicomial, lembrando que o melhor remédio é a inclusão, é viver em sociedade sem restrição, tema escolhido em conjunto dos usuários e profissionais da saúde mental.’”
O secretário de promoção da saúde, Marcelo Lanzarin, esclarece a reorganização do modelo de atenção em saúde mental no Brasil. “A partir dos serviços abertos, comunitários e territorializados, nós poderemos garantir cidadania aos usuários, que historicamente são discriminados e excluídos, e aos seus familiares, que convivem com essa discriminação. A causa também tem o propósito de denunciar as violações aos direitos das pessoas com transtornos mentais”, acrescenta.
Larissa Aparecida Hagemeyer, coordenadora municipal da Política de Saúde Mental, diz que o evento faz refletir sobre a atenção em saúde mental e a importância da RAPS para a manutenção do cuidado em âmbito territorial e em liberdade. “Nos dias atuais, ainda nos deparamos com preconceitos e estigmas relacionados aos usuários acometidos de transtorno mental, sendo necessários esclarecimentos e espaços que discutam e sensibilizem a comunidade acerca da temática. Fico feliz em poder fazer parte das discussões e do compartilhamento de estratégias que possibilitem fortalecer a atenção em saúde mental no município. É importante destacar a iniciativa e a organização dos profissionais e usuários de saúde mental, os quais se tornam “vozes ativas” para garantia do direito fundamental à liberdade e cuidados/redes de atenção, sem que, para isso, sejam excluídas do convívio familiar e comunitário”, enfatiza.
Marina Schiochet, psicóloga do Caps AD III, diz que o evento é sempre muito especial. “Para nós, o encontro reafirma a importância das conquistas do movimento e amplia o debate para uma sociedade que acolha a diversidade das pessoas e reflita sobre os manicômios que reproduzimos, institucional e simbolicamente, nas nossas relações. O evento também apresenta a nossa rede de atenção psicossocial e fortalece a luta com arte, cultura e outros atores sociais”, comenta.
Jaison Hinkel, professor do Departamento de Psicologia e da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da FURB, comenta que o momento serve para relembrar um pouco da história que remete aos anos 1970, quando começou no Brasil o movimento da reforma psiquiátrica. “Esse foi o início de pensar outras formas de atendimento e de serviços para as pessoas em situação de sofrimento mental, que fosse mais territorial e comunitária, tentando trabalhar com a participação dessas pessoas na sociedade e não em isolamento. Inclusive, o evento servirá como percepção e reflexão social em relação à doença mental, e como podemos avançar em relação ao atendimento digno em saúde mental. Estamos muito felizes em poder participar desse projeto e manter essa discussão viva”, finaliza.
Fonte: PMB/ Elaine Malheiros
Foto: Marina Schiochet